No dia 14 de outubro se iniciou o estágio, com uma ansiedade do que iria acontecer, se todos os nossos objetivos seriam alcançados, se vamos conseguir com que aconteçam aprendizagens significativas....enfim dúvidas e mais dúvidas!!! Mais tinha a consciência que era um momento muito importante para na minha vida acadêmica e como futura educadora, em que tudo que aprendi na teoria iria conciliar com a prática. Com um projeto elaborado antes de iniciar o estágio, baseado nas atividades diagnósticas aplicadas no período de observação, ocorridas no dia 08/09 a 14/09/2009, nos preparamos melhor, procurando atividades que realmente promovesse uma aprendizagem significativa. O projeto e com base nas observações e por isso fui confiante para iniciar um período tão importante na minha vida acadêmica e que com certeza me proporcionou um crescimento pessoal em todos os sentidos da minha vida!! Mais tudo na vida é uma caixinha de surpresa...e por mais que pensássemos que tudo poderia sair do jeito que planejamos e desejamos, pode não acontecer também, o que realmente muitas vezes aconteceu...e infelizmente em uma turma tão heterogênea em que nos encontrávamos, com histórias de vida tão diferentes, onde em um espaço ( a escola) que deveria ser um ambiente motivador de aprendizagem e crescimento, acontece exatamente o contrário...isso me faz pensar no que poderia fazer pra que durante o período em que estivesse ali, eu e minhas parceiras poderíamos influenciar ou quem sabe mesmo mudar um pouco daquela realidade. “Os dilemas surgem na própria dinâmica da prática docente, desafiando os professores a tomarem decisões entre o que sabem e o que não sabem, entre o que planejaram e as reais possibilidades de execução, entre o que experimentaram anteriormente e o desafio de implementar inovações.”(SOCORRO CABRAL, 2008, p.82)
Saberíamos que não ia ser nada fácil... mais foi refletindo sobre a nossa práxis e, sobre ela é que vamos sempre manter acesa a luz da responsabilidade, da importância que o papel do professor tem na vida dos seus alunos, principalmente os que estudam em escolas públicas, de bairros com renda econômica baixa, que necessitam de estar sempre motivados, e em especial na educação para que não desistam de estudar.
Por isso, sempre procuramos motivá-los com atividades coloridas, com novidades que despertassem o interesse deles pela leitura e escrita (cartazes, músicas etc.), e principalmente está sempre levantando a auto-estima deles, mostrando a eles que eram sim capazes de fazer as atividades e muito além daquilo ali, este era o nosso maior objetivo ali.
O primeiro dia de estágio nos apresentamos novamente aos alunos (pois já havíamos conhecidos eles no período de observação) explicamos que ficaríamos com eles durante 1 mês e queríamos que fosse um mês de uma boa convivência e de bastante aprendizagem. Construímos com eles os combinados, levamos um calendário e o alfabeto e falamos como seria a dinâmica das nossas aulas durante esse período.
Na primeira semana que se iniciou o estágio trabalhamos com os alunos a tipologia textual poema, o poema trabalhado foi “Nome da gente” de Pedro Bandeira, as crianças conseguiram captar o que o poema diz, mais mesmo assim tivemos um pouco de dificuldade, pois a falta de rotina para se manter sentado para fazer atividade não é muito comum na sala, e muitos tem muita preguiça de fazer mais de uma atividade por aula. A indisciplina é o que mais me chamou atenção, alguns ainda faltam com respeito, o que é extremamente constrangedor e que nos deixava chateadas...mais foi no objetivo de conseguir mudar um pouco que seja, ajudando aqueles alunos na aprendizagem da lecto-escrita e que nos dedicamos ao máximo para alcançar esse objetivo!!!!
Na segunda semana e na terceira semana trabalhamos a tipologia textual música, onde apresentamos as músicas “A barata diz que tem...”; “Vai abóbora”; “Faz um milagre em mim” (música pedida pelos próprios alunos); “Bê a Bá”; onde sempre procuramos antes de iniciarmos as atividades indagá-los sobre o que a música estava falando, o que eles compreendiam daquela música e de uma forma lúdica e divertida estar ampliando a escrita e a leitura, através dos nomes de amimais, de frutas, de instrumentos musicais e muitos outros. Nessas semanas conseguimos estipular uma rotina em sala de aula que nos primeiros dias foi bem mais difícil, os alunos já nos respeitavam mais e já não mais reclamavam de tantas atividades que faziam, e sempre que surgiam alguns problemas de indisciplina, onde os alunos nos respondiam de forma às vezes grosseira, com ajuda de Rai e com a sua experiência sabíamos como lidar direitinho e contornar aquela situação da melhor maneira possível.
Na quarta e última semana trabalhamos com a tipologia brincadeiras e brinquedos, onde conseguimos unir ludicidade e aprendizagem. Ensinamos a fazer brinquedos com sucatas (garrafa peti, lata de leite, rolo de papel higiênico, etc.) e através de fichas com a figuira de brinquedos e seus nomes fazíamos atividades em sempre a lecto-escrita era prioridade. O que mais marcou nesse estágio foi em um dia que estava saindo da escola( mais ainda dentro das dependências do CAIC) encontrei um aluno que sempre foi muito arredio com a gente, escrevendo no chão com um giz, a palavra BOLA. Ele escreveu BOAL, e quando pedi que falasse a palavra BOLA e perguntei qual era o som da última aí ele me disse: é “A”, e apagou e escreveu certinho! Eu saí dali radiante, na certeza de que pelo menos uma sementinha tínhamos plantado nos corações da maioria daqueles alunos.
Na busca de fazermos o melhor e procurar melhorar sempre é que estávamos em constante diálogo, perguntando uma a outra se foi legal a aula, se poderia ter feito de outro jeito, principalmente a Raimunda que tem uma vasta experiência em sala de aula, no intuito de melhorar a nossa prática e principalmente proporcionar um aprendizado significativo e estímulos para que eles não desistam de estudar e nem vejam a escola como um passa tempo, ou um lugar que dá merenda. Por isso Paulo Freire (1996, p.43,44) descreve que: “Por isso é que na formação permanente dos professores, o momento fundamental é o da reflexão crítica sobre a prática. É pensando criticamente a prática de hoje ou de ontem que se pode melhorar a próxima prática.”
É nesse pensamento que firmei meu propósito nesse estágio e, que com certeza me trouxe aprendizagens e enriquecimentos não só da práxis docente mais também de vida! Agradeço a Escola Municipal Dr. Joel Sá – CAIC, pelo acolhimento e apoio, a professora Socorro pelo apoio incondicional e as minha colegas de estágio: Letícia, Lansmille, Ívina, Gleide e é claro minhas companheiras de sala, de luta Rai e Jussi: MUITO OBRIGADA!!!! AMO TODAS VOCÊS!
Referência Bibliográfica:
- FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 23ª ed. São Paulo: Paz e Terra, 1996.
- PEREIRA, Socorro Aparecida Cabral. Saberes Docentes em Ambientes Virtuais de Aprendizagem. Dissertação de Mestrado. UFBA, 2008.